Antes de começar o texto é importante lembrar que
Design é a disciplina e Designer é o profissional, dito isto…
Já não é novidade que o design e a experiência do usuário também chamada por muitos de UX, é um item de extrema importância na criação e desenvolvimento de um aplicativo.
No entanto o que temos visto é que muito do que se desenha nas interfaces hoje é muito padronizado e algumas vezes bem repetitivo, para não dizer copiado.
Muito do que tem sido feito se baseia na zona de conforto, garantindo a segurança do “vai da certo” e principalmente do “Vai ser aprovado” e na minha humilde opinião uma parte de culpa desse “marasmo criativo” vem do fato de que a aprovação e “ideação” surge do time de negócios e não do time criativo, repare que não estou dizendo que o time de negócios não possa fazer parte da criação de uma interface, muito pelo contrário é de suma importância que sejam ouvidos, principalmente por que no geral é o time que tem mais contato com os usuário e clientes!
Uma coisa que parece que tem sido cada vez mais esquecida é que o Design, UX ou experiência do usuário como quiser chamar, deveria ser centrado ao usuário, mas tem sido centrado ao gosto e achismo de quem manda, ou dos envolvidos do projeto.
Então decidi levantar uma série de práticas recomendadas e erros que tem acontecido para que o design seja uma parte importante no sucesso do seu aplicativo.
O erro número um e que pode ser facilmente evitado.
1- Saiba quem é seu usuário.
Não adianta nada pedir para 50 adultos testarem uma interface ou aplicativo se o seu público for crianças de 10 anos.
Conhecer quem vai usar o seu aplicativo é o passo principal, não só para desenvolver um design que seja relevante e útil, mas até mesmo para desenvolver o seu negócio de forma assertiva.
Crie uma persona para seu usuário e tome qualquer decisão tendo em mente quem vai usar o seu aplicativo.
2- Ouça seu usuário, mas não o que ele diz e sim o que ele faz.
Se você pegar uma interface e sair perguntando a 200 pessoas qual opinião dela sobre o layout vai perceber facilmente que cada uma vai ter uma opinião diferente, principalmente baseada em gosto pessoal, e isso é normal, todo mundo tem opinião e mais do que isso as pessoas querem que sua opinião seja levada em conta, e isso é bom no entanto pode ser um “tiro no pé” para quem está começando um projeto ou negócio.
Antes de ouvir a opinião, “ouça” o comportamento, o comportamento humano é cheio de padrões.
Peça para os usuários “usarem” seu design, isso pode ser feito através de um protótipo, e observe quais os erros em comum, quais os padrões se repetem o que pode ser visto como um bom comportamento ou como uma barreira para que seu usuário alcance um objetivo na interface.
Dessa forma o desenho do seu aplicativo será de fato intuitivo e trará facilidade para o uso.
3- Dados x Achismo
Quando falamos em design no geral algo muito comum é por o gosto pessoal e o “Achismo” como base para decisões.
No mundo tão digital onde tudo é passível de medição a melhor forma de tomar uma decisão é embasado com números, antes de mudar, cor, formas ou qualquer componente de uma interface é importante estar ciente do resultado que ela tem apresentado, dessa forma é possível entender onde o problema está e como resolver.
como diria freud “De um erro, vai-se descobrindo toda verdade”
4- Bote de lado listas e regras
Sim, eu sei que parece meio hipócrita, visto que é um item de uma lista, mas a verdade é que ficamos tão presos em listas, regras e tendências que acabamos colocando de lado os princípios e conceitos que de fato fazem o design extrapolar o meio e resolver problemas, se sempre estivermos procurando soluções no que está sendo feito nunca poderemos evoluir e extrapolar o senso criativo, muita gente está está fazendo mais do mesmo e chamando de inovação.
Lembre-se que as tendências são sempre previsíveis e temporais, conceitos e princípios são atemporais
E isso nos leva ao quinto item
5- Foque no problema e não na solução
Entender o problema, o cenário, o contexto é fundamental para alcançar resultados.
As soluções surgem quando entendemos a dor e a partir dai podemos pensar em como criar forma de amenizar ou até mesmo solucionar um problema, em um mundo cheio de regras e gostos a figura do designer se tornará irrelevante, dando lugar a templates e interfaces engessadas com pouca ou nenhum inovação.
Entender o problema e através desse entendimento propor soluções através das interfaces e interações é o que faz a figura de um Designer ser fundamental na construção de um artefato seja ele visual ou abstrato. São essas diretrizes que diferenciam uma interface de sucesso que trazem valor ao usuário como por exemplo nos aplicativos do Banco Neon, Waze, wunderlist entre vários outros que o aspecto visual é riquíssimo, e que principalmente a experiência do usuário é fora do comum.
Vejo tantos designers e curiosos que aprendem ou criam interface com base em soluções rasas que não levam em consideração os princípios por trás do design, que aos poucos experimentação vão dar lugar apenas para reproduções óbvias.
6- Grids são para ajudar, não para ditar Regras.
O design de um aplicativo precisa sim obedecer alguns preceitos básicos, medidas principalmente para melhorar o uso como tamanhos mínimos de botões, espaçamentos, mas tirando o que de fato é necessário para o bom uso, grids e boas prática não devem ser fatores limitantes à criatividade, além de predeterminar o seu trabalho deixa o resultado diminuído, sem extrapolar o seu potencial.
Isso não quer dizer de forma alguma que você simplesmente deve sair por aí fazendo layout sem se importar com nada mas sim que você deve partir de um ponto que seu usuário já tem o mínimo, e que agora você vai em busca da experiência WOW.
7- Fuja de soluções prontas
Não quer dizer que você precisa reinventar a roda, mas é possível desenhar interfaces e componentes com tempo hábil de forma mais criativa, e isso leva muito em conta o conceito de inovação, lembre-se de que na escola nos anos iniciais sempre existem experiências com feijões, inovar não está em agora fazer sua planta crescer mais rápido trazendo feijões pré-prontos e sim entendendo de forma mais sólida, o que um feijão precisa, quais os cuidados para que ele cresça mais rápido e maior, como disse no item 5, é necessário entender o problema para encontrar soluções de forma assertiva.
Templates podem se tornar um ponto de partida, mas em geral trazem sempre seu aspecto generalista e limitante.
8- Saiba usar fontes
Existem várias regras de segurança que se seguidas farão o feijão com arroz da diagramação dar certo, meio sem graça meio aguado, mas vai dar certo.
Regras que limitam quantidade de famílias de fontes, espaçamentos máximos e mínimos dão certo por que garantem um resultado satisfatório com o mínimo de conhecimento necessário sobre tipografia, legibilidade e leiturabilidade, entender o que cada fonte passa, como é melhor aplicar, e principalmente como ela se comporta em cada tipo de plataforma e mídia é crucial para atingir resultados fora da caixa.
Uma fonte é capaz de quebrar todo um sentimento e até mesmo fluxo de um aplicativo se usada de maneira inadequada, mas para isso não precisamos seguir a risca formas arcaicas e sem graça de usar fontes, apenas entender as diretrizes corretas para uso de cada tipo e família e dessa forma experimentar trazendo a tona todo potencial de um design fantástico.
Um exemplo claro disso é que um tempo atrás fontes finas eram usadas como tendência e eram o supra sumo da tipografia agora os mesmo que defendiam ferozmente o uso de tipografias light, thin e ultra light são os mesmo que dizem que não se deve usar!
A legibilidade não é a única preocupação dos designers e fontes finas são mais do que tendências elas têm suas representações e sensações embutidas que fazem aspectos psicológicos serem ativados trazendo maior entendimento ou característica a marcas, textos e interfaces.
é necessário ter o conhecimento sobre cada tipo, cada peso e cada família para saber usar adequadamente
Uma abordagem mais holística começa com a compreensão de; por que uma fonte fina pode ser vantajosa e em quais contextos. Negrito, texto grosso é realmente muito mais difícil de ler em comprimento do que o texto mais fino. No entanto, como as fontes em negrito carregam mais peso visual, elas são mais apropriadas para títulos ou conteúdo com pouco texto. – Miquéias Bowers
9- hierarquia
Quando tratamos com tipografia a falta de hierarquia ou o mal uso, fica mais evidente e pode até mesmo prejudicar o usuário no entanto, informações, imagens e até mesmo componentes funcionais da interface podem apresentar problemas com a hierarquia, e um agravante é que em geral esses problema são enxergados pelos usuários e não pelo time de criação e isso se dá por que geralmente não trazem prejuízo ao aspecto visual da interface mas sim na interação do usuário com a UI.
Em geral, os itens maiores (ou fontes mais ousadas) são mais importantes e carregam o peso mais visual. O significado visual ajuda os usuários a identificar cabeçalhos de conteúdo e funções usadas com frequência.
E o total oposto também acaba prejudicando, quando tudo tende a se sobressair em uma interface acaba que nada realmente tem foco.
Isso prejudica e muito o reconhecimento de conteúdo e ações que tenham mais importância porque atrapalha a definição e o senso de ordem visual.
Conclusão
Não existem leis e regras rígidas, que não permitam que você possa extrapolar no design do seu aplicativo, as tendências e regras são apenas guias para que você possa partir de um ponto confortável, por que se seguidas de forma imprudente podem trazer o resultado completamente oposto ao esperado.
Designers não são cientistas que precisam provar através de evidências empíricas as decisões estéticas tomadas, por mais que existam dados e informações o repertório criativo também é um parceiro na criação de um aplicativo de sucesso.
Nada é radicalmente exato, que não dê espaço para instinto e criatividade, mas os mesmos nunca devem sobrepor a capacidade e objetivo de trazer uma experiência gratificante sem frustrações para o usuário.
Nada é pode matar a disposição de se criar novas possibilidades, experimentar, testar e entender, as regras existem para serem aproveitadas para obter maiores vantagens visuais podem ser adaptados e até mesmo quebrados mas nunca devem ser rígidas a ponto de limitar a inovação e criatividade.
obs: Esse texto teve uma forte influência e citações sinalizadas desse outro texto aqui